A VIDA EM TRÊS
VÁRIOS TONS DE CINZA
Pintam-se
três tons de cinza,
onde
a vida se mostra andando, seguindo, sentindo, indo...
Na
atmosfera dúbia e fronteiriça entre uma estepe e uma geleira,
segue
o rio vagueando pelas ondas e margens que a terra lhe impõe.
No
cenário agreste e sertanejo no mesmo instante em que a chuva beija o chão seco,
vão
caminhantes, peregrinos e retirantes sob as lágrimas da terra, buscando não
mais guardar o tesouro que não possuem.
Na
imagem velha de uma sociedade moderna e veloz,
transeuntam
trabalhadores no breve estar passando de uma loca Maria que motiva e passa e
fica.
O
resumo da estória é:
Mesmo
com a dança das águas rebolantes em meio aos vales que tentam represar,
mesmo
com a queda brusca das gotas pluviais que buscam apagar o fogo da terra seca
mãe,
mesmo
com a estúpida rapidez do progresso que pretende abreviar as distâncias e os
tempos,
ainda
há um beijo do sol nos altos montes gelados que faz derramar vida por toda a
terra,
ainda
resta um chão com sede que bebe porque a bebida dos céus oferecida é
retribuição pela quentura do seu ar que sobe,
ainda
permanece um coração pulsando dentro da armadura férrea arquitetada para o robô
do futuro,
pois
nem sequer o gelo, o sol, a chuva que cai,
ou
a pedra, os trilhos ou o tempo que se esvai,
podem
tirar o colorido da cinza vida,
que
vai...
Helder Rocha